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Se houvesse prece a ser feita, ela já foi feita. Se existe culpa para ser assumida, ela já foi condenada. Se houvesse julgamento, ja estaria presa. Não há mais força para afrontar. A coragem de tentar e arriscar é a montanha-russa da rotina.
Nem todos os dias eu consigo, mas em todos tento. Persisto na linha de frente, colocando a cara a tapa, deixando meu coração no escondido. Levanto o escudo, mas deixei a espada em casa. Guardei-a porque não sei afrontar , só me defender.
Crio a defensiva, me protegendo dos dias maus que agora são solitários e não há onde desabafar.
Não me curvo, não avanço, mas também não batalho. Levanto, mas quem tem o coração blindado, deixa a mente ser flechada nas altas emoções. O escape é ausente. Do céu recebo a proteção, das estrelas vem a pretensão de dormir e acordar acreditando que dias melhores virão.
Enfrentando novos gigantes, inimigos de caminhos diferentes, combatendo o combate da nova estação. O que antes não fluía, flui mais no secreto. E posso ter sido esquecida, mas continuo debaixo da nuvem. Levo meus olhos aos lugares altos. Encontro abrigo e a única confiança sobrevive.
Sobrevive no pior tempo, no mais dificil presente com o futuro inacabado. Fecho os olhos e vou caminhando, segura, sem ninguem ao meu lado. O inicio e o fim das coisas, no meu primeiro e ultimo suspiro. O brilho dos meus olhos sonha em ser a fonte de cuidado quando houverem temporadas de inverno.
No lugar secreto, justifico em silencio, no mais alto sentimento. Confesso meus pecados, me perdoo e perdoo os outros. Digo o que desejo e insisto em acreditar que não sou estranha por guerrear sozinha.
Ninguém deveria até ser obrigada a ser. E eu morro tantas vezes como Clarice Lispector, experimentando as ressureições da vida.