Pode continuar me olhando, mas quando o sono vier, deixe-o vir até você. Feche seus olhos e eu estarei aqui, do seu lado, penteando seus cabelos, tocando sua pele e te fitando como se fosse a primeira vez que te vejo.
Com os olhos fechados, escuto o som da sua respiração: ritmada, quase tranquila e embalada pela noite fria no nosso inverno de verão. Guardo essa imagem e como você fica quando descansa sua mente das suas preocupações; ignora suas inseguranças e endireita o corpo no meu. Para que se encaixe e se aqueça de qualquer arrepio que venha ter.
E como não esperava, terá a paz de uma noite, pelo menos uma em que você sonhe com cada realização que possa ter, cada sonho de um futuro interrompido. Fico no silencio aguardando que de um leve sorriso, que demonstre que pelo menos aqui, descansa e se sente leve, calma e um pouco feliz.
Dorme tranquila, que amanha um novo sol surgirá e todas as lágrimas de hoje plantarão sorrisos na proxima fase. Insisto que fique aqui, mesmo que a paz não reine todos os dias. Mesmo quando o caos libera palavras e gestos que não são nossos, nem seus, nem meus,
Deixe que os espinhos machuquem seus pés, que os pensamentos ruins venham e vão. Fale que está tudo bem, quando quer dizer socorro. Oculta o quanto machucada está, mas ainda reparo nas entrelinhas do seu sorriso que há muito que nao consegue dizer, mas te entendo. De verdade, os sinais ocultos, o coração esfriado e o abraço que te dou enquanto sua respiração ritmada continua.
A cada farpa que surgir, te prepare para andar sem medo de se machucar, sem temer que dias ruins são acompanhados de dias bons. Nas chuvas de dores passadas, nas cicatrizes, você dorme triste, mas ainda dorme, com a mesma esperança que recomeços surjam. As doces noticiais hão de vir. Eu te cuido no silencio se voce confiar em mim.