Fluoxetina


De cloridrato eu trago. Como um fumante que traga para acalmar os nervos, eu tomo um para não tomar dois de voce. Tomo um e me torno sonolenta demais ou insolente ate ser. Deixo que o efeito me encha do que não consigo me preencher. Os efeitos colaterais silenciam o que ainda sinto por você. Seria tão errado assim admitir ou querer?


Empurro para longe qualquer sentimento que me traga de volta aos nossos tempos. E é assim, quando ainda te vejo. Quando as cartas são escritas, destinadas a um remetente, sem nunca serem enviadas. A caneta descreve que o que existe é tão duradouro que nem o passageiro do trem mais proximo entenderia.


Paguei a passagem e sento-me a espera que minhas desculpas sejam ir embora, e mesmo quando os trilhos começam a passar, ainda vejo voce do lado de fora da janela. Ficando para trás desviando do meu olhar. A proxima parada, eu ainda não sei qual é.


Poderá ser a mais distante que já cheguei. Um nome que não saberei pronunciar, um sonho que nunca quis sonhar e assim as paradas vão se distanciando de mim, como se me levassem para longe de tudo e todos. O passado passando nos visores, os raios de futuro anunciando chegadas ou idas, novamente.


E então eu, a mesma que te insiste em dizer não, quer dizer sim a maior parte do tempo. As desculpas que não curam magoas, mas apontam para começos e recomeços. Se é assim, que pessoas partem, ela se vai e eu também. Olhando a paisagem, com o pensamento longe e distante. Longe e ainda perto, ausente e mesmo assim presente.


Levo-me para o mais longe das minhas desculpas.



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Bia - mora em João Pessoa, PB. Fisioterapeuta, instrutora de pilates e amante da literatura. Sempre foi amante de livros desde criança e em 2014 criou o Blog Meu Coração Literário para compartilhar sua paixão pela escrita e pela leitura.




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