15 graus




Amanheceu. E nós 15 graus me enrolo como quem nunca sentiu o frio antes, mas sentiu sim. Na época das coragens e dos abraços quentes sob cobertores finos e sorrisos intencionais. De nasceres do sol em que a curva mais bonita era sua pele e dos risos cumplices. Não havia resgate.



Desenhando nos cabelos, o cheiro, a maciez do toque . Posteriormente , regado a um café forte e nada amargo, sentada e devendo uma parte a ti. Ou várias partes de mim. O combinado do quente e frio, do doce e amargo, do um e outro.



O céu nublado com os galhos secos de inverno trazem na beleza a direção que superou o medo de voar, que falou duas línguas sem receio de se enrolar. Ver de cima que não me importaria mais de cair, mesmo que não tivesse quem me segurar.


Voar sem ser meu; mas ainda mantendo um pouco de coragem de confiar que não preciso acertar sempre, mas se arriscar for preciso. Aqui está o meu destino. Do norte ao sul, do leste ao oeste. Ultrapassando fronteiras, conhecendo gente do Sudeste ao nordeste, da Espanha ao Peru.



Chegar onde antes nunca quis estar, mas agora quero ficar. Em qualquer lugar , onde me queiram e não preciso implorar por direção. Deixo meus pés tropeçarem se possível, permito que as cataratas me adocem e no mar de gente , sinto me pequena mas tão grande para eu mesma.



No imenso verde, perco nas trilhas. Solto-me do apego, embarco no primeiro ou no último onibus. Enquanto o vento gelado toca o resto, escuto a piada do casal da frente, o idioma dos amigos de trás e imagino quem amaria estar aqui também.



Se olhar no céu, um tucano verá. Deixará ele voar como eu também? A imensidão do azul brilha com um ponto preto e branco, se entregando tão sem medo para eterno se tornar . No brilho do por do sol, nas pontes que ficaram e no novo que veio, falou que já aprendeu a perder, mas mereceu também por ganhar. 




Esse é o ponto de partida no final de tudo: o amanhecer de novos dias e o anoitecer de noites não perdidas. O começo do fim. E o término da chegada. Gira veloz , mas passa devagar. Eu ainda queria que o ponto e vírgula insistisse em mim como persisto em sorrir.

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Bia - mora em João Pessoa, PB. Fisioterapeuta, instrutora de pilates e amante da literatura. Sempre foi amante de livros desde criança e em 2014 criou o Blog Meu Coração Literário para compartilhar sua paixão pela escrita e pela leitura.




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