Solitude

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Há um tipo de solidão que não é solitude. É algo parecido com isolamento, mas não se cura com presenças, mas sim com escuta. Dói estar rodeado e ao mesmo tempo ninguem te ouvir. É desconfortável contar para um estranho que sua vida está um caos e ainda sim, dar a alguém que não é do seu convívio , a chave de te compreender. Ele é pago para escutar e voce o paga para lhe entender. 


Você senta no sofá dele, cruza as pernas como se estivesse em sua casa, abraça a almofada todas as vezes como se quisesse abraçar alguém e voce sabe quem. Baixa a cabeça mesma quando disseram tantas vezes para levantar, e chora. Deixa vir o que vier até ofegar. Fala do que perdeu, do que sente e que está cansada de tudo. Cansou de tentar, afastar.


Como fazer uma pessoa te enxergar de verdade? Enxergar que a maré alta também pode dá lugar a maré baixa, e o oceano ainda continua bonito, imenso e profundo? Como explicar que seus pensamentos vao de um a milhão rapido demais? Como dizer que você morreu pela quintagésima vez ?


Como dizer que ausência de presença, é mais do que solidão, é gritaria no vazio? É o eco das coisas que eu gostaria de compartilhar e nao posso falar, porque é facil assentir, sem julgar. Esse deve ser o problema pelo qual as pessoas continuam dizendo que somos diferentes e se afastam curiosamente. Crescer tem sido uma tarefa dificil, deve ser por isso que me dedico naquela uma hora que tem sido o meu maior desafio. Me enfrentar e fazer as perguntas que eu insisto em obter respostas.


E ser adulto é viver a solidão de uma forma diferente. O humor peculiar que não parecia tão sádico quando dizemos em voz alta que quanto crescermos iremos aprender a dirigir, morar sozinhos e viver adoidado. Se arrependimento matasse, provavelmente já teria morrido e voltaria a ser a babygirl de 15 anos atrás.


 O tempo passa, a responsabilidade bate na porta antes de estarmos prontos. As tarefas acumulam e nao recebem manual de como se comportar, o que fazer e o que não falar. Voce equilibra suas decepções, vai trabalhar chorando de desespero, segue pagando contas e ficando liso no final do mes.


 Enquanto isso, lida com relacionamentos, a saudade da mãe que longe está e o seu eu, que luta para sobreviver a qualquer batalha interna que parece nao ter fim. E isso tem sido a solidão de guardar para mim, mas sangrar no papel para que consiga entender que posso nao estar vendo o fim, mas estou tentando crer.


Nesses dias, desejo que ser adulta passe, torne-se efêmera ou que suma mesmo. Meu orgulho me faz levantar a cabeça e ter coragem para enfrentar. Para de chorar, caramba. Vai lá e faz, quando voce chegar , voce grita até ficar sem ar. Você chora e deixa o travesseiro ensopado. E nas vezes que dá vontade de sumir, suma do mapa. Se apague para encontrar-se ou para fingir que precisa de mais tempo. Ninguem sabe o que está fazendo e é isso mesmo.


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Bia - mora em João Pessoa, PB. Fisioterapeuta, instrutora de pilates e amante da literatura. Sempre foi amante de livros desde criança e em 2014 criou o Blog Meu Coração Literário para compartilhar sua paixão pela escrita e pela leitura.




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