Te vejo rindo da piada, mas quem consegue te ver, sabe que não há nada de engraçada. Abraça seu próprio corpo na tentativa de sentir-se segura, em casa. E quando chega, deita-se na cama, aliviada pelo silencio do escuro, apenas com o barulho da chuva que traz recordações que voce nao quer lembrar.
No eu te amo mais sincero; no amor da minha vida dito, voce sorri, mas desacredita tanto que sua alma parte , sem de fato ir. No abraço de lado ou no mais apertado, entende que muitos "eu te amo" sao ditos nos gestos mais vulneráveis. Na coragem de dar sem saber que será retribuído. Do olhar cumplice que conta muito sem nada dizer.
Do corpo que conta a história por voce. Pela escuta sem julgar ou depreciar; pelo falar duro, que depois se arrepende e tende a perdoar, sem nós colocar em apuros. Das brincadeiras que nos levam a risadas altas e olhares maliciosos e impuros.
Da pergunta : " Voce está bem?" e sem disfarce, dizer que está indo, mas quase lá. Os olhos ameaçam uma neblina, mas disfarça de novo e ri, porque chorar nao é opção em publico. Guarda para quando estiver sozinha. E deixa-se vazar de lugares lotados e pessoas vazias.
Permite que o tempo te dê as respostas que precisa, mas não implora para tê-las. A história continua sendo contada com vidas sendo geradas, com algo bobo que foi compartilhado, com o abraço de uma senhorinha que não descansa enquanto voce nao a sorri.
Traz o café, senta ao seu lado e conta a sua história para que lágrimas possam serem adiadas. O ar torna-se ameno por instantes, distante por horas. E quando percebe que há bem nos detalhes, amor escondidos nas entrelinhas e cuidado de pessoas que nem te conhecem direito.
E é nessas vezes, que acredita que existe amor e com ele a força se renova, o sorriso volta e os sonhos... Ah, esses voltam a florescer. Capitulo a capitulo ganham força, moldando a essência que nunca se perdeu.