A casa enlutada permanece em silencio na espera de uma voz que não vem. Na lembrança, a presença permanece. Na ausência, ela se repete. E rebobina uma fita que já não existe mais fisicamente, mas continua dentro de si.
Em cada canto de um lugar, seus passos sao ouvidos. A risada, a batida na porta, o cheiro do perfume que te segue e me faz querer ir ao encontro do seu corpo. Para senti-lo mais uma vez. Sentindo o calor que hoje é frio e distante.
A lapide tem as palavras mais gentis, mas se pudesse ser dita com as nossas, provavelmente seria mais alta e tocaria o céu. Se pudesse escreveríamos as mais lindas histórias que tivemos, até as mais doloridas, com direto a lágrimas transbordando pelos olhos, abraços apertados e beijos salgados.
Nos detalhes das páginas, eu me perco mais um pouco. No meio de nós e mais dentro de mim. Prestando atenção em ações e palavras, o que ouvi e deixei de ouvir. O que senti e como agi. Nos restos de um amor inteiro.
No passado imperfeito, somos os que possuem mais defeitos. Nas falhas humanas, nas emoções escondidas e no coração fechado. Lembrando que nossos olhos ainda falam mais que mil palavras; que cada ação pode ser vista, mas não sentida.
Deixa flores para que floresçam longe de si, mas perto de ti. Conta os segredos, relata os desesperos e admite sonhos para quem se foi, como se pudesse ter resposta ou uma afirmação. Crê no milagre, mas não o vê em vão. E nos restos de si , eu ainda te encontro em mim.