Texto: Adeus inesperado


 Sentado na última cadeira da mesa da sala de jantar, encaro minha taça de vinho, querendo me viciar em algo que me permita fugir da minha vida, dos meus problemas, de você. Não quero mais chorar.      Não quero mais amar. Nem desperdiçar minhas lágrimas por alguém que não merece um amor que escreve suas características em um diário qualquer, que encontra no violão as nuances de um amor não vivido por ambos, que largou sem aviso prévio uma vida a dois.
   As minhas mãos agarram e erguem uma taça que deveria estar cheia, mas está no fim de uma garrafa que transborda e enche o móvel de uma cor sanguenta e fluida, revelando o coração que quero esconder de todos. Tudo escapa das minhas mãos: o controle sobre ela, sobre o meu sentimento por ela e sobre as decisões que poderiam ter mudado tudo para nós dois.
    A penumbra da lua adentra a casa vazia, fazendo do meu rosto uma sombra vazia. Eu sei o que você disse. Eu entendi que estava tudo terminado. Aquela chuva que um dia nos molhou no meio da estrada, que me fez parar o carro e te puxar para a festa que poderíamos fazer no meio do nada, acabou.
   Eu sei que não posso continuar ligando, mas cada vez que corro, caio em cima de você. Tropeço nos seus beijos que atiçam minhas lembranças. Lembro do seu forte amor por café quente em um outono quente. Sinto ainda quando meu coração caia aos pedaços e você me abraçava, ao ponto que eu sentisse as batidas do seu peito só pelo toque.
   Sinto tanta falta quando você me punha em seus braços. Quando você assobiava e eu já sabia que estava me esperando do lado de fora da minha casa. Nada passou das primeiras intenções, mas é assim que a gente vive. Me joguei com tudo, por meu tudo, tentando não pensar nos ferimentos que viriam a seguir.
   Tentando não pensar em alguém que parasitaria meu peito de um jeito imensurável. Alguém que transforma a chuva mais forte em um sol brilhante, alguém que não pretendia se envolver, mas fez com que meu coração vibrasse com o querer e agora preciso lidar com esse amor, se é que isso é amor, já que estou tão dependente de você.
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Bia, 27 anos, mora em João Pessoa, PB. Fisioterapeuta, instrutora de pilates e amante da literatura. Sempre foi amante de livros desde criança e em 2014 criou o Blog Meu Coração Literário para compartilhar sua paixão. Além de ser viciada em café, series e filmes. Pensa em ser muitas coisas, mas de uma ela tem certeza: leitora assídua nunca deixará de ser.




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