Texto: Colo


Sempre me disseram que eu poderia ter quase tudo o que quisesse. O “quase” dependeria da minha força de vontade, da dedicação e esforço. Porém, isso tudo foi relacionado a meu futuro acadêmico. Nada se referia ao amor. Afinal, ensinar amor é como jogar xadrez: você pode arriscar tudo para ganhar ou perder, mas nunca se sabe o que vai acontecer.

Já arrisquei das duas formas: em uma, tive esperança demais que a garota quieta, nerd finalmente conseguiu gostar tanto de alguém para se arriscar. Deu errado, o coração foi pisoteado tantas vezes que mal sobrou pedaços para colar. Sendo assim, me conformei que perdi não so  a habilidade de amar, como também a vontade de fazer algo que eu amo: escrever.

Há meses não escrevia com meu próprio coração. Hoje, no virar da madrugada, digito na penumbra algo que encheu meu coração: amor. Vivi uma experiência de alguns minutos, mas que se tornaram uma lembrança memorável e quem sabe uma futura vivencia antes negligenciada.

Ao ter no meu colo, um garoto de 5 anos adormecido filho de um amigo , senti um calor no peito e um anseio louco que foi sempre odiado por mim: filhos. Uma garota como eu não deveria pensar assim, mas não pensei tanto quando a cabeça do garotinho descansou sobre meu ombro. Não pensei também quando coloquei uma toalha embaixo da sua cabeça para que as aventuras de velocidade no carro não o machucassem. Tambem não pensei quando depois de acordado, ele quis voltar para mim.

Te pergunto: ter filho é assim? Um pedaço seu que sempre te emociona quando visto? Um amor que não precisa de palavras para ser demonstrado? Um cuidado que vai além do comum? Um afagar de cabeça quando se está cansado. Um ombro para descansar e quem sabe chorar quando as coisas estão difíceis. Um sorriso companheiro quando se é entendido.

Não vivi isso por muito tempo. Mas, senti. Senti o pouco que me foi dado e não me mexi.  Fiquei quietinha, afaguei, acalentei,quis fechar os olhos para descansar, mas abri para cuidar. Depois disso, meu coração aqueceu. Passei uma parte do dia observando a interação de um pai com um filho. Absorvi aquilo e  quis transbordar em um lugar só meu com uma memória de algo desejável, de um amor compartilhado com um pedaço meu.

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Bia, 27 anos, mora em João Pessoa, PB. Fisioterapeuta, instrutora de pilates e amante da literatura. Sempre foi amante de livros desde criança e em 2014 criou o Blog Meu Coração Literário para compartilhar sua paixão. Além de ser viciada em café, series e filmes. Pensa em ser muitas coisas, mas de uma ela tem certeza: leitora assídua nunca deixará de ser.




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