Onde os degraus parecem mais altos, nós cansamos a cada subida. A escadaria parece não ter fim, soltamos o ar, paramos um pouco e prosseguimos. Sozinhos mesmo, como viemos ao mundo. Envoltos em todas as emoções, lembranças e esperanças que temos.
Onde o crepúsculo precede o amanhecer, nos deitamos ao luar. Vemos as constelações brincarem com nossa imaginação. Damos nomes as estrelas e sorrimos ao ver a imensidão do céu sob nós. Deitamos sob o chão, deixando o vento frio tocar nossos pés e nos fazer olhar para o lado a fim de sorrir para quem nos acompanha até aqui.
Onde as portas gemem o dia todo, abrindo e fechando. Entrando e saindo. Dando Olá e Adeus, continuamos com as mãos na fechadura, deixando entrarem e saírem, como suas vontades. Permitimos a livre escolha: se for para ir, vá; e se for para voltar, aqui estaremos.
Onde as janelas se abrem e mostram que a luz do sol nascendo. O dia quente que está por vir pós chuva. Com as cortinas afastadas, assistimos o azul acima e insistimos que aquele dia será bom; que ficaremos bem, mesmo com os pensamentos a mil e a saudade apertando no peito.
Onde nossos quartos viram uma coleção de pessoas e das nossas vidas. Dos detalhes que as paredes falariam caso fossem vivas; do amor refletido, das brincadeiras vistas, das conversas e discussões que ali estiveram fechadas.
Este é o lugar em que me sinto sozinha, mas não estou só. O lugar em que posso chamar de casa, porém ainda é uma pessoa. Ainda é alguém .