Quando meu cabelo está grande e brilhoso, eu me amo. Quando chego no horario, eu me amo. Quando falam que meu café é bom, eu me amo. Quando dizem que sou engraçada, eu me amo. Quando consigo seguir minha rotina sem falhar, eu me amo.
Mas, quando vejo que minha barriga não está perfeita, eu me odeio. Quando recebo uma reclamação no trabalho, eu me odeio. Quando brigam comigo, eu me odeio. Quando me atraso, eu me odeio. Quando não consigo cumprir a rotina, eu me odeio.
Quando choro, eu me odeio. Quando por nao pensar demais, falo o que nao devo, eu me odeio. Quando as coisas não seguem como imaginei, eu me desespero. Quando não consigo ser como esperam, sinto que me odeio um pouco mais, por gerar frustação. E me irrito por nao conseguir ser perfeita quando nao existe perfeito.
E porque eu me odeio na medida que me amo? Quando nas imperfeiçoes me sinto indigna de amar e ser amada? Porque meu amor é tão condicional, em um ponto que poderia ser incondicional? Ao errar, me culpo. Me viro em duas ou três para melhorar. Sigo manuais para dar amor ao maior amor da minha vida: eu mesma. E é dificil quando se é uma metáfora a se trabalhar.
No desespero, vejo a beleza dos outros, mas nunca a minha. Vejo as qualidades em alguém, mas em mim defeitos. A falha que no outro se torna dispensável. Em mim é imutável. O problema de se ver como um problema que me asfixia por errar e perder.
Mas nunca se elogia, quando as coisas dão certo, quando ganha o que é se é para perder; quando ganha o amor dos outros, mas nunca o de voce. Quando se atribui que as virtudes são maiores que as imperfeições, e você sente que a balança tem dois pesos. Porém, nunca escolhe a boa, só a mau medida.
Como sentir que mereço se de todos os amores, o meu próprio é o qual eu esqueço? Como dou amor para todos, mas nao dou aquele que mais merece? Como deixar de me tornar trivial para ser a mais importante?