É um tributo vivo a nossa lembrança mais calorosa. O fogo que nos consumiu por inteiro varias vezes. Nos deixando suados, molhados, ofegantes, exaustos e prontos para duas, três vezes seguidas. E agora me lembra das cinzas que preciso recolher.
Uma, duas, mil vezes que estivermos lá, nos abrigando em tempos difíceis, deitando nossos corpos cansados. O intimo no nosso quarto. A observadora dos meus pesadelos, a amante das minhas insônias. Raros convidados, pouco visitado. A que vê e que me abraça sem saber que eu queria estar lá, mas sozinha com você.
Onde fui rainha e você rei na minha rotina. Marcando o tabuleiro em nossos corpos. Fazendo jogadas de xeque-mate dentro de mim. O bispo e a imperatriz que dominam nossas vontades. Fonte da nossa obra prima. A mistura inebriante dos nossos domínios, vitima da vulnerabilidade e refém da brutalidade.
A que enrolamos e bolamos sobre. Vestindo ousadia, fogo e calor. Vivendo a intensidade e deixando marcado. A benção e a maldição de pertencer. A fuga do controle, o começo do nosso ser e o fim da nossa destruição.
A entrega da minha vida sobre a sua. Os fios sobre o travesseiro, o cheiro de voce nos lençóis. Quebrando os relógios para nao sentir. Seguindo a playlist para embalar na entrega, colocar um filme e não assistir porque estamos desesperados demais para cair um sob o outro.
Voar sem sair do lugar. Alcançar suspiros quando somos só mais do que a noite fria, somos tudo que a cama sabe e guarda na casa da calmaria.