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A primeira morte é a mais dificil e depois voce só acostuma a morrer pouco a pouco todos os dias. O desfalecimento parte a parte de algo que era seu, até nao ser. Transformando em algo novo, morto e frio.
A nova era de nós em que observamos, mas nao ligamos. Vivemos pensando e negamos sentindo. Cansamos nosso corpo para que nossa mente esqueça que ja esteve ali.
Voce aumenta tudo para sentir de vez e se livrar do que te machucou. Da decepção de não conseguir ser e da desistência por tentar. É na batalha mais interna que nos vemos de fora, e abandonamos a guerra. Não adianta mais, dizemos a nos mesmos.
Não se encontra mais energia, coragem e disposição para tentar. Voce morre e te veem morrendo, mas palavras nao salvam corações feridos. Abraços aliviam, beijos na testa precedem o cuidado e o deslizar de mãos no seu rosto, falam que te amo sem realmente dizer.
Mas, voce sabe. E eu sei , que nos gestos se há mais amor, mais vida que em qualquer frase sentida na raiva e na agonia. A gente deixa viver a morte como algo costumeiro. Habitua-se a aceita-la. Nos dias bons, deitamos a cabeça no travesseiro e imploramos a Deus para curar nosso coração, rezamos buscando o esquecimento de quem ali te abraçou por vários dias, meses e anos.
Dormimos pensando e as vezes, sonhamos. Sonhamos com o que desejamos. Não sou a única que dorme com os olhos abertos e nao consigo desviar a mente. Um dia desse, pedi a Ele que tirasse a maior parte de mim: meu coração; que transformasse o que tive para o que nao tenho mais.
Pedi porque morro todos os dias e não sei bem quando renascerei. Eu acredito em vida quando estava com voce, agora que morri, sou toda a luz que nao posso e ninguem pode ver.