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Negamos quantas vezes forem necessárias que não precisamos mais disso ou daquilo. Mentimos para nós mesmos repetindo que nao sentimos mais nada , que estamos zerados de qualquer sentimento e lembrança.
Infligimos em nossos pensamentos que a palavra já não tem significado. O nome não tem importancia, as memórias logo estarão no inconsciente não mais acessado. Corremos para longe do que queriamos estar perto. Fugimos do amor que ainda existe com motivações pouco plausiveis para uns e tudo para outros.
Arrodeamos para não importunamos aquele que já não nos quer na sua vida. Mesmo que olhares se cruzem, mentimos de novo, para justificar que foi melhor assim. Melhor se afastar e partir. Brinde comigo a quem continua com o coração partido.
Juntem-se a mim quem se arriscaria de novo para viver e recomeçar do zero, porque amar demais devia ser pecado e nós somos pecadores não imaculados. Pecando todos os dias, já que a vontade era gritar aos quatro ventos que amamos tanto que ainda estamos aqui, prontos para correr de volta para voce.
Conte nos dedos as vezes que sonhou com os beijos, os abraços, os afagos, os corpos, os risos, as mãos dadas, os mindinhos cruzados, os pés entrelaçados. O toque na perna que sobe, o deslizar das mãos pela nuca, o puxar dos cabelos, o roçar da barba, o toque dos lábios, os apelidos carinhosos e até os mais perigosos.
Do que adianta mentir quando aqui está a verdade sobre nós, sobre mim. A palavra ainda tem significado, o nome ainda tem importância, a lembrança recorda que o que existiu poderia ter sido para sempre, se houvesse reciprocidade em sentir. Em se declarar, em beijar e assumir.