Quando voce nao tem mais nada o que dar, elas ainda ficam. Quando nos dias mais escuros, elas te consolaram e nao te deixaram desanimar, elas permanecem. Quando a dor é grande e extravasa, elas deixam voce para crescer e dao as mãos porque so o tempo há de fazer.
Voce escreve para colocar para fora o que queria contar, mas se reserva para quem confia e se confiar é uma tarefa dificil. É raro encontrar alguem que voce poderia passar horas olhando e nao se cansaria. Poderia contar a coisa mais boba e nao esperaria julgamento.
Nunca foi facil conversar, mas é compassivo falar e ser ouvido. No olhar compreensivo, no toque calmante, no abraço mais quente. Se há muito o que falar, se guarda, mas não prende. Desabafa nas lágrims que caem como a chuva fina. No segurar das mãos e no firmar dos dedos, como se dissesse ao mundo: estou aqui mesmo que voce nao esteja inteiro.
Do meu lado B, faria uma lista com tudo o que mudou nos ultimos tempos, mas também o que ficou. Não há voltas, mas as mudanças chegaram. Tem dias bons e também ruins. Aquele que a chuva é a representação perfeita do quanto estou despedaçada.
Não há sorrisos tão sinceros, palavras tão verdadeiras, apenas o que existe , mas poucos conseguiriam segurar nas mãos o coraçao. O olhar perdido é mais vago que antes. O vazio não consegue ser preenchido. É como se a palavra que eu mais temesse estivesse voltando, mas ela nunca se foi. Não de verdade.
Só a deixei de lado, fingindo que ela não existia para que não precisasse encarar meu maior desafio: não sucumbir, não chorar, não desmoronar. E dia apos dia, voce pensa que não seria tão ruim sumir mais um pouco. Mudar de nome, fingir ser outra pessoa. Com um alter ego que com a cabeça erguida, com o olhar determinado superasse a tristeza que insiste em ficar.
O diagnóstico já foi dado. O CID foi designado e desse lado, enfrento a minha versão mais séria, menos aberta e que permanece escondida em um esconderijo que nem mesma eu possa encontrar. Não há chaves mais. Só uma proxima partida.