Meu pai sempre me diz
que nunca se pode ter tudo, em alguma hora perdemos alguém ou algo que mais
queríamos. E eu entendo, ou pelo menos tento aceitar o fato que não poderei ter
várias coisas . Se também sei o porquê? Não, pois essa é são as respostas que não
me foram explicadas ainda.
De vez em quando,
corro na praia. Gosto do vento frio no rosto e do impulso que dou para ir mais
longe. São nessas horas, que meus pensamentos somem. Sou eu ali contra o mundo.
A minha vida em uma corrida pelo ar. A adrenalina é incontrolável e percorre o
meu corpo. Quando paro, tudo é descarregado: o suor, o leve tremor das pernas e
a sede. De repente, perco também a capacidade de usar as palavras e fico
enfurecida com o quão cansada me permito estar em um momento que quero fugir de
tudo.
Volto para casa e os
pensamentos voltam. Talvez eu sempre tenha tido a ideia errada de quem eu era.
Mesmo assim, insisto nas pequenas coisas que me fazem ser quem sou, naquelas que
nunca abandonei porque sempre estiveram dentro de mim. Grandes mudanças
aconteceram: pessoas se foram, outras voltaram, coisas se perderam e mais novas
foram encontradas. E talvez, seja por isso que a vida não se explica. Ela é
inexplicável.
Meu pai também me
disse uma vez para não cometer os mesmos erros e se cometer, não se culpe por
eles. Ele também me ensinou que precisamos aceitar o que a vida nos dá e tira.
Aprender com a dor que recebemos e a fazer coisas importantes quando estamos
preparados. E sabe , acho que ele está certo.
A vida é dura,
surpreendente e prova o quanto estamos despreparados para tantos desafios. Ela
força nossa mão, nos faz cuspir palavras e formar frases inacabadas. Tomar
decisões quando não estamos prontos para arcar com as consequências. E concordo
que no final de tudo, estou à mercê do inesperado, do não planejado. Por mim,
tudo bem, a vida é uma estrada e na realidade, ela não tem placas indicando
direções. Só nos resta, seguir em frente e não desistir.