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Aponta-se para o horizonte, mas mal vê que o farol aceso vai se apagar. Estende o corpo buscando por qualquer faísca para nao te ascender. Embarca sozinho, na certeza que em breve vai esquecer a terra firme onde criou laços e viveu felizes.
De longe, a vê, se demora até que seus contornos sumam de vista. Os cabelos que passam dos ombros, o desenhar das curvas; o sorriso dado abertamente e os olhos que resumiam tudo. Como uma página, ela fica, mas voce vira. História passada.
A costa some aos poucos. A casa fica pequena, mas por dentro aperta-se inteira para te caber. O por do sol cai, como todos os dias desde então, como as neblinas dentro dos olhos de quem se vê. Três dias em alto mar e mais ainda longe de ser real, até aceitar ser.
Quando mais longe se vai, mais se aproxima do que acredita não mais existir ou finge que não quer voltar a costa, onde era seguro estar. Joga a ancora no profundo azul do mar, na vã esperança que prender-se a algo vai esquecer a experiencia que a ilha trouxe.
Declara-se inocente, mas não inocenta o outro lado que agora some de vista. Nas muitas evidencias da sua partida, ficaremos a mercê de uma despedida ou no aguardo de mais uma vinda.
Deixando-se desaparecer dos outros meios. Mergulhado do outro lado do oceano que nos separa e que um dia prometemos um ao outro que seriamos amores por toda uma vida.
E de certa forma, ainda é. Continuo desaparecida e voce também, sem torcer por reencontros, porque não suportaria outra despedida. Sinceramente, nem pelo tempo deixaria voce desaparecer de mim.