De cloridrato eu trago. Como um fumante que traga para acalmar os nervos, eu tomo um para não tomar dois de voce. Tomo um e me torno sonolenta demais ou insolente ate ser. Deixo que o efeito me encha do que não consigo me preencher. Os efeitos colaterais silenciam o que ainda sinto por você. Seria tão errado assim admitir ou querer?
Fluoxetina
De cloridrato eu trago. Como um fumante que traga para acalmar os nervos, eu tomo um para não tomar dois de voce. Tomo um e me torno sonolenta demais ou insolente ate ser. Deixo que o efeito me encha do que não consigo me preencher. Os efeitos colaterais silenciam o que ainda sinto por você. Seria tão errado assim admitir ou querer?
Escombros
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Eu não sei desarmar uma guerra, mas consigo te desarmar inteira. O toque pelo pescoço, o roçar da barba na sua bochecha, o riscar dos meus lábios nos seus, o olhar que vai dizer muito sem te dizer nada. As mãos que vão passeando por suas linhas, desenhando suas curvas , segurando cada parte sua.
A batalha começa quando nossas bocas vão dizendo o que queremos fazer. Demonstrar para, de fato, aproveitar que estamos juntos, lado a lado, nunca um contra o outro. Beijos terão a força de um momento, suspiros serão o inicio da nossa jornada e começaremos a partir dali ou de lá. Onde quiseres começar.
Como uma dança, dançaremos a noite inteira. Eu darei o primeiro passo e voce seguirá a minha deixa. Deite-se, vire de lado, deixa que eu suba em voce e depois inverta. Os lençóis ficarão ensopados pelo fogo que nos incendeia. Daremos mais um passo e outro, até o momento que cansarmos e gemidos serem os únicos sons que escutaremos.
E eu vou deixar, voce me ver para compreender que somos a parte inteira de duas metades quase imperfeitas. Não precisamos nos partir para juntar. Seu olhar me faz orbitar como um planeta, em torno de voce. E como o sol sente falta da lua, eu sinto sua falta e essa distancia que nos afasta, me ateia.
Nos escombros dos meus detalhes, eu quero os seus para nos reconstruímos, pouco a pouco. Formamos o que nunca poderia ter sido desistido. Te olharei na certeza que você é minha: metade e inteira.
Dorme tranquila
Pode continuar me olhando, mas quando o sono vier, deixe-o vir até você. Feche seus olhos e eu estarei aqui, do seu lado, penteando seus cabelos, tocando sua pele e te fitando como se fosse a primeira vez que te vejo.
Desaparecida
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1506 |
Aponta-se para o horizonte, mas mal vê que o farol aceso vai se apagar. Estende o corpo buscando por qualquer faísca para nao te ascender. Embarca sozinho, na certeza que em breve vai esquecer a terra firme onde criou laços e viveu felizes.
De longe, a vê, se demora até que seus contornos sumam de vista. Os cabelos que passam dos ombros, o desenhar das curvas; o sorriso dado abertamente e os olhos que resumiam tudo. Como uma página, ela fica, mas voce vira. História passada.
A costa some aos poucos. A casa fica pequena, mas por dentro aperta-se inteira para te caber. O por do sol cai, como todos os dias desde então, como as neblinas dentro dos olhos de quem se vê. Três dias em alto mar e mais ainda longe de ser real, até aceitar ser.
Quando mais longe se vai, mais se aproxima do que acredita não mais existir ou finge que não quer voltar a costa, onde era seguro estar. Joga a ancora no profundo azul do mar, na vã esperança que prender-se a algo vai esquecer a experiencia que a ilha trouxe.
Declara-se inocente, mas não inocenta o outro lado que agora some de vista. Nas muitas evidencias da sua partida, ficaremos a mercê de uma despedida ou no aguardo de mais uma vinda.
Deixando-se desaparecer dos outros meios. Mergulhado do outro lado do oceano que nos separa e que um dia prometemos um ao outro que seriamos amores por toda uma vida.
E de certa forma, ainda é. Continuo desaparecida e voce também, sem torcer por reencontros, porque não suportaria outra despedida. Sinceramente, nem pelo tempo deixaria voce desaparecer de mim.