Sou forte. Meio doce e meio ácida. Em alguns dias
acho que sou fraca. E boba. Preciso de um lugar onde enfiar a cara pra esconder
as lágrimas. Aí penso que não sou tão forte assim e começo a olhar pra mim. Sou
forte sim, mas também choro. Sou gente. Sou humana. Sou manhosa. Sou assim.
Quero que as coisas aconteçam já, logo, de uma vez. Quero que meus erros não me
impeçam de continuar olhando para a frente. E quero continuar errando, pois
jamais serei perfeita (ainda bem!). Tampouco quero ser comum e normal. Quero
ser simplesmente eu.
Quero rir, sorrir e chorar. Sentir friozinho na barriga,
nó no peito, tremedeira nas pernas. Sentir que as coisas funcionam e que tenho
que trocar de jeito quando insisto em algo que não dá resultado. Quero aprender
e, ainda assim, continuar criança.
Ficar no sol e sentir o vento gelado no
nariz. Quero sentir cheiro de grama cortada e café passado. Cheiro de chuva, de
flor, cheiro de vida. Aprecio as coisas simples e quero continuar
descomplicando o que parece complicado. Se der pra resolver, vamos lá!
Se não
dá, deixa pra lá. A vida não é complicada e nem difícil, tudo depende de como a
gente encara e se impõe. Quero ser eu, com minha cara azeda e absurdamente
açucarada. Não quero saber tudo e nem ser racional. Quero continuar mantendo o
meu cérebro no lugar onde ele se encontra: meu coração. E essa é a melhor parte
de mim.
Clarissa Corrêa é gaúcha, redatora publicitária e escritora. Já trabalhou em várias agências de Porto Alegre: Oxigênio, Super Comunicação, Escala, Martins + Andrade, e 21. É autora de três livros: Um Pouco do Resto, O amor é poá e Para todos os amores errados e também é colunista do site da revista TPM.