Como
uma boneca de pano encontrada no fundo do armário, aqui estou.
Bochechas rosadas, cílios longos, cabelo penteado, cachos por todos os lados.
Vestida para brincar .
Bochechas rosadas, cílios longos, cabelo penteado, cachos por todos os lados.
Vestida para brincar .
Como uma mulher, em forma estou.
Arrumada para atrair, detalhista e animada para uma vida que a cada dia me surpreende mais.
Tudo para agradar.
Como uma menininha, brincando estou.
Querendo sair pelo mundo, desvendar tudo.
Dividida entre os caos e a calmaria que ainda me restou.
Dividida entre os caos e a calmaria que ainda me restou.
Como uma menininha sinto medo.
Medo de cair longe demais do abraço do meu pai e não ter quem me levantar.
Como uma boneca de pano quieta estou.
Tentando ser perfeita, a boneca quebrou.
O braço ficou torto, as pernas moles demais para se manter de pé.
Os olhos se desmancharam e as bochechas estão molhadas.
Como uma pequena mulher, obliqua continuo.
Pelo amor não valorizado e o coração arrebatado, silenciada pela dor.
Com a sensualidade e a inocência a mim dada, nada restou.
Como uma menina continuo sem saber o que fazer.
De sonhos não realizados, promessas não realizadas, sentada no canto do quarto estou.
Com medo do furacão e da ventania que passou.
De uma nuvem a uma estrela.
Do dia para a noite.
Metamorfoseada em fases ,
rezando para virar uma borboleta no casulo para não encarar a indecisão se me
torno menina, mulher ou boneca. Ou nada. Ou as três.