O
tempo passou mais lentamente. Os ponteiros do relógio da torre mostram que
estou andando devagar demais para chegar onde quero. Vejo um garoto uns poucos
quilômetros longe. Dou aquela apertada nos meus olhos para ver se é verdade.
Ele olha para trás e faz o mesmo. Não sei se apresso meu passo para caminhar
acompanhada de um estranho ou corro para ultrapassa-lo.
Ele
para, me espera e sorri. Não sei seu nome,mas já sinto que o sorriso dele me
desestabiliza e eu poderia ficar mais tempo perdida se o tivesse assim. Andamos
e conversamos por muito tempo. Ele me fala de mil coisas incríveis de onde veio
e eu digo que da força da pancada, já não lembro de muita coisa. A noite chega
rápido e precisamos encontrar algum lugar para ficar.
Subo
em cima de uma arvore grossa para ver as estrelas e poder sonhar com minha
casa, mas quando olho para o lado, ele me encara e sorri, deseja boa noite e
diz que também gosta de olhar as estrelas. Dou um sorriso imenso de volta e pela primeira vez em algum tempo, tenho esperança de que algo tranquilo aconteça e vou me contentar com isso.
Quando
acordo, meia bugada de onde estou, o tronco da arvore ao lado está vazio. Pisco
mais vezes do que pensei que meus olhos fossem capazes. Derramo uma lagrima,
porque meu oceano está quase vazio e me deparo sozinha nessa imensidão verde de
esperança que eu tinha.
Tudo
aquilo foi uma miragem ou foi algo da minha cabeça, trazendo alguém que seria
meu oposto e meu semelhante ao mesmo tempo. Eu pensei que um dia, as chances
iam mudar aquele que fez os ponteiros do relógio pararem. Então , foi tudo ilusão? Será que eu estava tão sozinha a ponto de ficar imaginando pessoas ?
Desci da altura em que me encontrava, mas na
verdade eu só queria ficar nas nuvens e flutuar por algum tempo. Começar de
novo até encontrar algo pelo que lutar, mas de tristeza cai na terra molhada novamente e deixei as nuvens me consolassem com suas formas e tamanhos.