A vida de quatro amigos
começa na universidade de Massachusetts até sua mudança para Nova York.
Acompanhamos o artista plástico JB, o arquiteto Malcolm, o ator Willem e o
advogado Jude.
O livro é luto extenso,
um camalhaço profundo e que abordará os aspectos das vidas desses personagens,
contextualizando o que seria a felicidade, como é formada a sua identidade e o
que molda a vida de um adulto.
A
escrita de Yanagahira é tão fluida, triste e poética. Pensei que me sentiria
intimidade pela capa, porque sabia que poderia ser uma historia sofrível. Mas,
foi tão envolvente, tão bem construída no detalhes e seus personagens tão bem
definidos. Seus medos são silenciosos, seus desejos sutis e suas ambições
plausíveis. Sua dinâmica familiar, o conforto da amizade e a consciência do seu
próprio corpo e dos seus sentimentos.
“Uma
vida pequena” é uma história com uma carga emocional grandiosa, cheia de
gatilhos emocionais, mas lindamente escrita, apesar sofrível. O que molda a
nossa vida? Será os acontecimentos da infância?
Ao
ler, senti o quão profundas eram as personalidades dos personagens, sua
precisão quanto as suas infâncias, suas profissões. Foi como ver o processo da
pintura de uma vida, com pinceladas lentas, precisas e determinadas. A carreira
do arquiteto Malcolm, a arte de JB, a atuação de Willem e o amor de Jude pela
matemática.
A
amizade masculina foi uma das melhores coisas desse livro: bem enfatizada e tão
bonita de acompanhar. Quatro amigos que se conheceram na faculdade, mas que
suas vidas permaneceram ligadas pelo resto da vida. Existem traumas, cenas
emocionantes e esperançosas, mas ainda sim, há as relações além dos laços
sanguíneos. As perdas, as alegrias e as vivencias.
"Por
que a amizade não era tão boa quanto um relacionamento? Por que não foi ainda
melhor? Foram duas pessoas que permaneceram juntas, dia após dia, ligadas não
por sexo ou atração física, dinheiro ou filhos ou propriedades, mas apenas pelo
acordo compartilhado para continuar, a dedicação mútua a um sindicato que nunca
poderia ser codificado. ”
Esse
livro é tão pesado, tão cru. Ele não sente pena do que possa fazer você sentir,
então esteja atento aos temas abordados: abuso sexual e doméstico, pedofilia,
auto-aversão, suicídio e drogas. É uma tortura emocional. ME peguei varias
vezes com lagrimas nos olhos, respirando lentamente para passar por certas
páginas e uma sensação de impotência, de ódio por tudo que estava acontecendo.
Ao
ler é possível imaginar tudo, é como se passasse um filme na sua cabeça. Cenas
duras, trágicas e gráficas. Sei que momentos dolorosos são inevitáveis na vida,
mas as experiencias de Jude me fizeram contemplar os pequenos prazeres que
temos, a importância das pessoas que estão ao nosso redor e que fazem de tudo
para ficarmos ali, apesar dos traumas.
NÃO
É UMA LEITURA PARA TODOS. NÃO INDICO DEVIDO A TAMANHA SENBILIDADE DOS TEMAS E
ESTEJA CERTO DE UMA COISA: VOCE VAI TERMINAR DESTRUIDO EMOCIONALMENTE.
“Uma
vida pequena” impacta desde o retrato das duras verdades que vítimas de traumas
passam e como a vida se torna tão difícil a ponto de consumi-las pouco a pouco.
"O único segredo
da amizade, acredito eu, é encontrar pessoas melhores que você, não mais
inteligentes, não mais bacanas, mas sim mais bondosas, mais generosas e mais piedosas,
e tentar dar ouvidos a elas quando dizem algo sobre você, não importa o quanto
seja ruim, ou bom, e confiar nelas, o que é a coisa mais difícil. Mas também a
melhor."
"Amizade era
testemunhar o lento gotejar de tristezas, as longas crises de tédio e os
triunfos ocasionais do outro. Era sentir-se honrado pelo privilégio de estar
presente durante os momentos mais sombrios de outra pessoa e saber que você
também podia ter seus momentos sombrios perto dela."