Resenha: Cartas para Martin , Nic Stone

Editora: Intrinseca
Nota: 4'

“Não podemos controlar como as outras pessoas pensam e agem, mas temos o controle total sobre nós mesmos. No fim das contas, a única questão que importa é: se nada no mundo mudar, que tipo de pessoa você prefere ser?”


Justyce McAllister percebeu que sua cor define como o mundo o trata. Ao ajudar a ex-namorada, ele acaba sendo preso e declarado como culpado. Depois disso, o adolescente resolve escrever cartas para Martin Luther King e expressa nelas todas as emoções presas, muitas referentes a situações que passa devido a cor da sua pele.

Ele percebe que a injustiça ligada a sua raça é inerente a sociedade. Visto que na sua escola tem poucos colegas negros, fora que os noticiários revelam que negros são presos, mortos todos os dias.


Cartas para Martin tem a leveza, sensibilidade e força sobre uma discussão que ultrapassa as décadas. Quando a cor da pele é a causa dos piores julgamentos? Quantas vidas inocentes perderão as vidas pelo racismo?


Esse ano o movimento Black Lives Matter enfatizou o quão cruel, triste é ver personagens como o Justyce pelo mundo, que lutam por mudanças, mas veem diariamente que isso é dificultado devido as raízes sociais impostas. A vida do protagonista traz todas as barreiras que lhe são impostas, quanto ao seu futuro, as garotas e sua percepção de mundo frente ao preconceito.

Finalizei a leitura de Cartas para Martin refletindo muito acerca dos privilégios que a população branca tem e da realidade dolorosa do racismo. A história de Justyce é um retrato perturbador, real e comovente. Um livro que abre os nossos olhos e mentes para um problema sob a perspectiva do outro. Abordando a violência policial, racismo, identidade, entre outros. Aviso que esse livro terá gatilhos.

 
Por que os negros estão sempre com tanta raiva?? Como eu posso não ter raiva?

Minha única ressalva é sobre o final, que pareceu tão pouco realista frente as questões importantes abordadas no livro. Porém, essa é aquela indicação especial, não só pelas questões levantadas e que precisam ser colocadas em pauta. Mas, como uma história que trará consciência cultural e social para a vida.


Resenha: O Guia do Cavalheiro para o Vício e a Virtude, Mackenzi Lee


Monty é filho de um lorde britânico, sendo enviado para uma grande viagem pela Europa, com seu melhor amigo, Percy e sua irmã Felicity. Porém, vocês não conhecem esse lorde travesso e eles se envolverão em mais travessuras do que imaginavam, desde a ladroes, piratas e algo magico.

Quando finalizei esse livro, me perguntei: Por que diabos não li antes? Esse romance histórico LGBT É HILÁRIO! Temos um trio principal divertido e que não para de aprontar e surpreender, mesmo já imaginando como iria acabar, não pude deixar de me divertir e imaginar que estava no século 18.

Monty é um jovem preso as ordens do pai, que enfrenta problemas interiores, e está bem aberto quando fala da sua sexualidade. Ademais, temos a parte romântica tão divertida e que é interessante, visto que temos um personagem bissexual em uma época incomum.

Mesmo sendo uma narrativa ácida e crítica, é possível torcer e amar o Henry e seus momentos com seu melhor amigo, Percy. Um privilegiado pelo legado, outro negro e que enfrenta o preconceito onde vá, e uma garota. A dinâmica entre os nós é natural, de trazer um belo sorriso no rosto e nos fazer amar esse casal de época.

A autora constrói uma história cheia de questionamentos, uma aventura instigante e inesquecível. Trazendo questões a respeito da época com muita sensibilidade e respeito.

Minha bela e trágica história de amor com Percy não é nem bela nem uma verdadeira história de amor, e é trágica apenas pela unilateralidade.”

Felicity é simplesmente maravilhosa. Mergulhada nos livros, ela é o cérebro do trio. Como mulher, ela sente que pode ser muito mais para o que foi predestinada. E o próximo livro será sobre ela, o que me deixou ainda mais animada.

“Revidar contra todos que nos destroem é um luxo em que ambos paramos de acreditar há muito tempo.”

Com muito humor, sarcasmo e aventuras, O Guia do Cavalheiro para o Vício e a Virtude é feito para aqueles que querem embarcar em uma aventura de coração e espirito. Viver o século XVIII nunca foi tão desastroso, inesperado e encantador.

Resenha: The Prom: A festa de formatura| de Saundra Mitchell



GATILHOS: BULLING, HOMOFOBIA, TRANSFOBIA

Emma Nolan só quer uma coisa antes de se formar: dançar com a sua namorada no baile de formatura. Mas, isso parece improvável tendo em vista onde mora. Alyssa Greene é popular, presidente do conselho estudantil e perfeita, para sua mãe. Mas, ela esconde que namora Emma há um tempinho.

Quando se espalha o boato que Emma levará uma garota ao baile, isso causa uma confusão na escola. Agora, o comitê liderado pela mae de Alyssa planeja cancelar o baile de vez.

Até que Barry Glickman e Dee Dee Allen, famosos da Broadway percebem que podem ajudar Emma e ao mesmo tempo voltarem aos holofotes. Chegando em Indiana, eles lutam para que Emma tenha a chance de ir ao baile.

Porém, nem tudo é emoticons de corações: Emma está brigando frente ao comitê, Alyssa tem receio de sair do armário e Barry e Dee Dee querem atenção para o caso e para si. Um time excêntrico se une para lutar em pró do amor e da liberdade. Será que isso será o suficiente?

Atrás do baile de formatura, a história se aprofunda na questão homofobica , não aceitação das escolhas pelos pais , fanatismo religioso e o perigo que é quando não se há uma mente aberta para a vida.

" É difícil sussurrar nosso amor em vez de gritar para os céus."

O livro me conquistou logo no primeiro capitulo com duas protagonistas cativantes, que trazem todas as emoções possíveis e seus problemas tão reais. Alyssa e Emma nos fazem passar por uma montanha russa de sentimentos.

 The Prom é um Ya LGBT que traz à tona o medo de ser quem você é, por receio dos outros e como o preconceito pode ferir profundamente um ser humano. A obra é baseada no musical de mesmo nome e lembrando que vai sair adaptação na Netflix com um elenco simplesmente maravilhoso.

Eu simplesmente torci, sofri e me emocionei com o relacionamento de Alyssa e Emma. O dilema de amar alguém que esconde seu amor de todos, mas também alguém que foi rejeitado da própria família por sua escolha amorosa é algo complicado. Entre machucados e cicatrizes, essas garotas estão lutando pelo amor e querendo que sua liberdade de escolha seja respeitada.

Mas, nem tudo na vida é arco-iris, então o problema real é bem explorado, mesmo que de forma leve, cômica e fofa : a intolerância nas cidades pequenas. Alyssa tem medo de sair do armário por conta da família religiosa, Emma foi expulsa pelos pais e frequentemente sofre ataques na escola. A comunidade vê a homossexualidade como uma doença e através da mãe da Emma isso fica mais evidenciado. Porém, mesmo que os adultos não queiram mudar seus pensamentos. Nossas protagonistas adolescentes brilham, lutando por uma mudança e o final é tão INCRIVEL. Termino minhas considerações com esse trecho épico.

Emocionante, inclusivo e divertido. The Prom é um acalento colorido ao coração.

Voces sabiam que Edgewater, um cidade pequena em Indiana foi a ultima dos EUA a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo?

 

RESENHA: ELEANOR OLIPHANT ESTÁ MUITO BEM , Gail Honeyman

Editora : fabrica231 
Nota: 4,5

Eleanor Oliphant tem 30 anos e gosta da sua rotina, da solidão e das formas como as coisas tendem a acontecer. Ela não tem amigos. È quieta, pragmática e não sabe socializar. E ela está perfeitamente bem. Mas, Eleanor,  tem como a solidão  uma armadura e se protege das pessoas ao seu redor.Trabalha no mesmo escritório há 9 anos. Todos os dias faz a mesma coisa, até que isso muda quando Raymond, um colega de trabalho saem juntos. Na sua ida para casa, eles vêem um homem andando pela rua que precisa de ajuda. Esse incidente amarra a vida dos três e isso terá um significado para Eleanor Oliphant. A amizade que surge é algo que nunca foi vivenciado na vida dela.

Aos poucos, ela se sente mais ousada, mais confiante para que a atenção de um homem para nela. Ela também percebe que pode ter amigos e que precisará confiar neles em algum momento.

"Há cicatrizes em meu coração, tão grossas e desfigurantes  quanto as do meu rosto. Sei que estão ali. Espero que reste algum tecido ileso, uma área através da qual o amor possa entrar e fluir para fora. Espero."

Imagina uma mulher nos seus trinta anos, mas pessima em ser social. Ela tenta ser normal para todos, mas não consegue e de certa forma, algumas atitudes são hilárias. Porém, não só de momentos engraçados é Eleanor. Ela é triste e sozinha, até o momento que percebe que pode se apaixonar por uma pessoa, se tentar muito.

Eleanor é uma personagem peculiar. Estranha, solitária e surpreendente. De fato, foi um livro que trouxe grandes emoções, pude rir e chorar. Sentir seus receios as novidades na sua vida e suas mudanças. Como uma borboleta, ela está presa a sua rotina e só conhece isso. Ela sabe que é defeituosa, mas nem imagina o quão especial tornou essa história.

Eleanor Oliphant é silenciosa, profunda e como  uma chuva calma, aos poucos ela para e percebemos que o clima mudou para algo melhor. Sua história ela mesma conta. Entre memorias esquecidas, segredos, solidão, percebemos que na vida ela aprendeu a sobreviver.

"Eleanor Oliphant aprendeu como sobreviver - mas não como viver."

Uma escrita linda e perfeita para destruir quem lê. É doloroso e cativante ao mesmo tempo. Não há romantismo aqui e fiquei bem satisfeita com o que autor propôs para a protagonista. Uma história única, comovente, inspiradora e que será inesquecível. Nunca esquecerei do quanto Eleanor tocou em mim, para no final das contas, ficar tudo bem.

Resenha: CANTIGA DOS PASSAROS E DAS SERPENTES, Suzanne Collins

Editora: Rocco

Nota: 4,5' 

Coriolanus Snow faz parte da elite da Capital. Seu pai perdeu tudo na guerra e ele vive com sua avó e sua prima, Trigis. Toda a riqueza da sua família foi perdida em em ações no Distrito 13.Porém, no 10º Jogos Vorazes, os estudantes terão a oportunidade de trabalhar como mentores dos tributos com uma bolsa de estudos para a universidade, se ele for o vencedor. Todavia, Coriolanus acaba sendo mentor da uma menina do Distrito 12, que ele odeia, por sinal. No entanto, aos poucos, ele percebe que Lucy Gray Baird pode ser a única maneira de garantir seu futuro.

O livro se passa em três partes, nas quais temos o antes, o durante e o pós Jogos Vorazes.O Spin off de Jogos Vorazes é diferente dos livros anteriores.A trama política torna-se mais intensa, uma discussão sobre a natureza humana e disputas de poder: nascemos com ela ou somos modificados pelo meio? O quão perverso é o ser humano quando se tem poder?

Através de uma perspectiva sombria dos Jogos Vorazes, temo uma narração em terceira pessoa sobre um personagem que já conhecemos pelo seu futuro. Snow não é um personagem para amar, é para odiar. Manipulador e não romantizado, acompanharemos seu caminhada para ser um ditador.

Quem são os seres humanos? Pois quem somos determina o tipo de governo de que precisamos.

Os bastidores dos Jogos Vorazes são brutais. No inicio, tudo era muito mais cruel, desumano. Vamos conhecer a criação dos jogos e suas modificações através da visão de um mentor/ditador, como isso reflete nos distritos. Apenas com 18 anos, Snow vê no poder da Capital o meio para obter tudo o que deseja. Até percebe que a ordem, a submissão dos outros distritos é o único jeito de contornar o caos. Ele crê nisso e coloca em prática. Por meio desse contexto, os regimes totalitários são explorados, através do temor do povo.

A história é rica de referências políticas, é um mergulho maduro na série e compreendi a escolha da Suzanne quanto a quem seria o protagonista, visto as questões sociais abordadas, tão reais para nossa vida. È possível entender o quão importante é o passado do Distrito 12 e como uma personagem encanta desde a primeira canção a Capital pode ser uma ameaça ao governo.

Lucy Gray faz seus protestos através de suas canções. Pela beleza e intensidade de sua voz, ela dá vida a muitas canções que conhecemos tão bem em JV. OS: escutem a Maiah interpretando as canções de Lucy Gray, por favor. Voces poderiam sentir o poder que suas palavras têm.

Minhas ressalvas ficam quanto a lentidão da narrativa, aos prolongamentos de algumas cenas, como repetição de falas.Alguns personagens secundários são deixados de lado mesmo que fossem interessantes e outros são mais desenvolvidos, mas talvez não fossem tão necessário.

Eu senti falta de um maior aprofundamento da vida de Lucy, de melhor demonstração  mais demorada da decima edição dos Jogos Vorazes. Quanto a relação romântica de Snow e Lucy achei desnecessário, todavia ao longo da leitura percebi o quão manipulada a garota era para atingir os objetivos de Snow. Ele quer possuí-la, usá-la para seus próprios fins.

Talvez o final não agrade a todos, mas eu curti muito.O Snow é ditador, sempre foi, além de traiçoeiro, controlador e sem piedade. Fantástico, essencial e melhor do que imaginei, voltando as raízes de Suzanne Collins após 10 anos. Uma série violenta, crítica ao governos que ao inves de protegerem os jovens, os punem pela sociedade.

Foi uma experiencia que transcende minhas palavras, por ora. Sei que tenho minhas ressalvas, mas foi tão bom voltar para a essência dos Jogos Vorazes através de uma perspectiva não confiável, que acentua que tudo sempre foi sociopolítico. Quantos temas essenciais  e referencias maravilhosas,  desejo tanto ler outros spin-offs dessa história.Se você é fã e quer conhecer a visão cruel, violenta e desumana dos Jogos, indico  a leitura.

Descobrimos também a origem das músicas que nos encantaram nos livros anteriores, como Deep in the Meadow e The Hanging Tree. O momento em que um rebelde do 12 é enforcado na árvore-forca e os tordos repetem suas últimas palavras desesperadas foi, na minha opinião, uma das partes mais bem escritas, pesadas e chocantes da série de Jogos Vorazes.Mesmo que ao longo do livro Snow tenha demonstrado sentimentos de amor e amizade, é possível perceber que ele facilmente deixava-os de lado ao colocar sua sede por poder em primeiro lugar. Snow não aparenta amar realmente Lucy Gray, mas sim mostra o desejo de ter posse dela. Não era realmente amigo de Sejanus, mantinha-se perto para não ser implicado nas ações rebeldes dele e na esperança de conseguir explorar um pouco mais a família do garoto.

“ O que aconteceu na arena? Aquilo é a humanidade despida. Os tributos. E você também. Como a civilização desaparece rapidamente. Todas as suas boas maneiras, a educação, a formação da família, tudo de que você se orgulha, arrancado num piscar de olhos, revelando o que você realmente é."

"Snow cai como neve, sempre por cima de tudo"

Bia, 27 anos, mora em João Pessoa, PB. Fisioterapeuta, instrutora de pilates e amante da literatura. Sempre foi amante de livros desde criança e em 2014 criou o Blog Meu Coração Literário para compartilhar sua paixão. Além de ser viciada em café, series e filmes. Pensa em ser muitas coisas, mas de uma ela tem certeza: leitora assídua nunca deixará de ser.




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