Texto: Aquele forte abraço

Há 3 anos conheci um senhor que andava sempre de preto e branco. Ah, sapatos marrons. Seu cabelo branco era pouco, mas sua postura severa. Seus óculos sempre limpos e seu andar corrido, me fazia querer alcança-lo. Ainda tinha aquele sorriso no rosto e sempre abria os braços para um forte abraço, Doce e apertado.

 Voltei depois de 2 anos á sua casa. Cheguei sozinha e sem esperança em quase nada. Nas suas primeiras aulas ficava fitando o caderno, tentando apagar tudo o que eu já sabia e absorver o que era preciso para meu futuro. Em uma tarde, ele desatou a querer me conhecer. Saber de onde eu era e como vim parar aqui. Tentou me buscar em sua memória há alguns anos. Não posso omitir o quanto fiquei feliz por isso. Só pela lembrança ou talvez pela curiosidade.

 Meus cadernos continuam cheios de seus macetes e dicas. Enquanto nas suas aulas, a maioria dos alunos ficava tenso á uma pergunta, eu ansiava por responde-la.As tardes, café forte e livros abertos, além da sua presença constante pelas salas. Ele amenizava meu coração estressado e me movia na caminhada que eu tinha pela frente. Contava histórias suas  e dizia: “ Eu vivi isso e aquilo, e você, minha querida, está pra conseguir tudo”. Ele contou da fome, da dificuldade em estudas e trabalhar, no seu crescimento. Não sabe ele que guardei tudo na memória e com carinho e cuidado, assim como abraça-lo. Só isso bastava para meu dia sorrir e me manter firme.

 Voltei de um semestre difícil e agonizante. E de todo o apoio que esse senhor me deu, tive vontade de dizer, mas nada saia da minha boca a não ser um aperto de lábios apertado para reprimir as lágrimas.

 Enquanto ficava em casa e afundar na cama, não era sua escolha. Era a única opção. Lembrar dos bons tempos e brincadeiras era uma das coisas que lhe restava e dava sorrisos tristes.
Como um professor, um pai, um avo, ele escutava meus problemas. Apertava minhas mãos e dizia que tivesse paciência, que tudo ficaria bem. È esse sentimento que quero ter agora. Ao abraçar seu pequeno tamanho e fechar os olhos, desejo que a tristeza passe, porque tudo torna-se mais pesado quando não ninguém ao lado da gente.

 Ele reparou em mim. Disse que eu estava diferente de uns tempos atrás. Se ele viu meus olhos, viu tudo. Mas, eu também o vi. Seu interior quebradiço como um espelho com reflexos espalhados pelo chão. E desandou a mostrar com as palavras, o seu pesar. Rezei por silencio e calmaria, que tudo passe e isso passe também. Porque se dói em você, dói em mim também.
Então, que vá embora. Mude o tempo e deixa o vento trazer coisas boas por um momento, porque eu quero te ver sorri
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Bia, 27 anos, mora em João Pessoa, PB. Fisioterapeuta, instrutora de pilates e amante da literatura. Sempre foi amante de livros desde criança e em 2014 criou o Blog Meu Coração Literário para compartilhar sua paixão. Além de ser viciada em café, series e filmes. Pensa em ser muitas coisas, mas de uma ela tem certeza: leitora assídua nunca deixará de ser.




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