Resenha: Um milhão de pequenas coisas , Jodi Picoult


Poderoso, impactante e destruidor.

Ruth Jefferson é enfermeira obstetra e já trabalha há mais de 20 anos em  um hospital. Até que precisa auxiliar o bebe de Turk e Brit , porém estes são supremacistas brancos e exigem que Ruth não toque no bebe, por ser negra.

Todavia, Ruth está sozinha no berçário quando Davis sofre uma parada cardíaca. Ela  obedece às ordens que recebeu da sua superior ou intervém ?

Jodi Picoult com muita sensibilidade escreve sobre um tema difícil: das diversas formas do racismo.“Um milhão de pequenas coisas” nos leva a questionar nosso comportamento sobre o tema e a maneira como o abordamos no nosso dia a dia.

Logo nas primeiras páginas, eu já estava presa.O ambiente é provocativo, duro e triste. Passamos a examinar a trama por todos os ângulos, até o ponto que estava fascinada e intrigada com o que viria a seguir.

As batalhas da protagonistas são diárias, seja no ambiente de trabalho, no tribunal ou na rua. Narrada por três diferentes perspectivas: uma enfermeira negra, sua advogada branca e um supremacista, dando o palco para que cada um se expresse sua história.

De certa forma, considero uma leitura educacional, chocante e modesta. Temos uma série de acontecimentos da realidade que Ruth que podem impactar. É impossível não ficar tenso, não criar uma conexão e ser a mesma pessoa após essa leitura.

Com personagens complexos, em uma situação extrema que leva a refletir sobre questões morais e éticas, a autora nos deixa com as emoções a flor da pele. Em uma leitura dinâmica, agil e mesmo em um cenário jurídico, a narrativa seguiu interessante e cativante.

A mente vai refletir, suas ações serão repassadas e você se deparará que conversar sobre raça é algo necessário, quando não existe igualdade e equidade no sistema.

Um milhao de grandes e pequenas coisas que tornam a vida de alguém restrita por conta da cor da sua pele. Da frágil realidade que existe, a qual insistimos em ignorar na frente do espelho, dos preconceitos implícitos e da reafirmação que “ não é racismo”, não reconhecendo que há o privilegio branco.

Minha ressalva está no epilogo. Talvez fosse otimista demais, visto que poderia trazer todo um significado diferente para os acontecimentos. Mas, ainda sim considero uma das melhores leituras do ano e desejo conhecer outras obras da autora.

Ao final da obra, a autora explica suas motivações para escrever sobre o racismo como uma mulher branca. Logo, fez pesquisas, procurou conversar com o público e tentar passar a mensagem que conversar sobre um tema que é evitado se torna necessário, para dar voz e conscientizar sobre o respeit.

No final das contas, somos levados a uma história reveladora, que pode ser desconfortável e por isso precisa estar preparado. Muitas vezes, precisamos ver o mundo sob uma perspectiva diferente, não como uma chance de rever nossas vidas, mas de aprender algo sobre o outro e como o mundo o vê e vice-versa.

📝 | Citação: “É o som da sua voz, sem ninguém te abafando. É ter a graça de dizer sim e, mais importante, o direito de dizer não. No coração da liberdade, a esperança bate: um pulso de possibilidade. ”⁣

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Bia, 27 anos, mora em João Pessoa, PB. Fisioterapeuta, instrutora de pilates e amante da literatura. Sempre foi amante de livros desde criança e em 2014 criou o Blog Meu Coração Literário para compartilhar sua paixão. Além de ser viciada em café, series e filmes. Pensa em ser muitas coisas, mas de uma ela tem certeza: leitora assídua nunca deixará de ser.




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