Por Bia Leite e Felipe Sena
Abri meus olhos. Casa organizada e limpa. Suas
camisetas não estavam mais no armário. Seus livros não enfeitam minha
estante colorida. Seu cheiro não estava mais pela casa. Fazia tempo que
não sentia meu coração tão limpo, mas ao mesmo tempo tão vazio.
O meu café preto e amargo, já não esquenta mais nas noites de frio. Está
sobrando espaço na nossa casinha apertada, e o único ruído que ouço é
uma canção do velho Chico. Não sei se a culpa foi minha, mas confesso
que escondi os outros 1000% do amor que tenho por você. É, a culpa foi
minha! Deixei você partir.
Não consigo esquecer do que ainda amo em você. Se é aquele seu sorriso
cretino quando pede por mais beijos, ou dos seus braços que abraçavam
meu corpo nos dias de frio. Do quanto você era um príncipe perfeito no
dia 10 de cada mês, ou do quanto ficava bravo quando alguém me elogiava
na rua e eu sorria. Eu sinto falta de tanta coisa. De você.
Teu cheiro ainda no meu travesseiro, nosso porta retrato de 1,99 no
velho criado mudo que também guiava nossos segredos. Memória cheia e
coração vazio. Vou vivendo de boas lembranças e me embriagando com o
álcool de ser só. Meu guarda roupas está tão bagunçado que procuro um
amor que guardei na caixinha vermelha escrita 'forever', mas não sei
onde ta!
Está perdido por aí. A dona , que agora já não é mais, fez
questão de deixar passar. Deixei-o ir. Talvez nosso amor não era para
ser, ou só precisamos de um tempo para organizar nossos corações e
perceber que preferimos bagunçado mesmo. Prefiro ele balançado por você do
que quietinho sem querer.
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