Resenha: Fera, Brie Spangler



Título: Fera
Autor: Brie Spangler
Editora: Seguinte
 Páginas: 336
Ano : 2017
Sinopse: Dylan não é como a maior parte dos garotos de quinze anos. Ele é corpulento, tem quase dois metros de altura e tantos pelos no corpo que acabou ganhando o apelido de Fera na escola. Quando ele conhece Jamie, em uma sessão de terapia em grupo para adolescentes, se apaixona quase instantaneamente. Ela é linda, engraçada, inteligente e, ao contrário de todas as pessoas de sua idade, parece não se importar nem um pouco com a aparência dele.
O que Dylan não sabe de início, porém, é que Jamie também não é como a maioria das garotas de quinze anos – ela é transgênera, ou seja, se identifica com o gênero feminino, mas foi designada com o sexo masculino ao nascer. Agora Dylan vai ter que decidir entre esconder seus sentimentos por medo do que os outros podem pensar ou enfrentar seus preconceitos e seguir seu coração.

Fera é o primeiro livro YA de Brie Spangler : uma releitura de A Bela e a Fera,que assim como o original traz a reflexão  de valorizar cada pessoa por sua essência  e não pela aparência . O tema é construído através do romance entre um garoto que sofre pelo seu físico e uma garota transgênera.

Dylan tem apenas 15 anos, porém está quase chegando a 2 metros de altura e tem tantos pelos no corpo que foi apelidado de Fera. Por causa da sua aparência, ele convive com o bullying diário e por causa de um pequeno acidente , ele comparece forçadamente a uma terapia em grupo. Lá , ele conhece a Jamie : uma garota linda, simpática e que compartilha com ele algumas semelhanças, entendendo-o como ninguém jamais entendeu.  

"... Não é o meu tamanho que me assusta. É o que carrego dentro de mim. Meu Hulk secreto está sempre logo abaixo da superfície, me provocando. Mas conheço os truques para mantê-lo adormecido.”

Porém, Jamie não é igual às garotas da sua idade : ela é transgênera, ou seja, ela se identifica como gênero  feminino, ainda que tenha nascido como menino.

A história é narrada pelo ponto de vista de Dylan, por isso acompanhamos os sentimentos e pensamento mais íntimos do protagonista . Dylan me cativou demais, não só por ser grandão e infelizmente ser julgado a todo momento, mas fez o papel de vítima , o que de fato poderia ter acontecido.

“Tudo que dá pra fazer é ser você mesmo e torcer para que alguém entenda.”

Porém, ele se recusa a enxergar o que está na sua frente, julgando suas emoções e sentimentos , afinal agindo do outro lado da situação: aquele que julga e tem preconceito . Logo, foi interessante ver seu amadurecimento durante a trama. Os personagens são complexos e assim como um paradoxo, eles despertam sentimentos mistos visto que dependem de suas atitudes. 

Todavia, senti que são personagens reais, pois existem pessoas com a mesma confusão de sentimentos quanto a várias questões abordadas no livro. Jamie foi minha favorita : clara quanto a si mesma, uma guerreira por enfrentar todos ao seu redor , forte e feliz quanto a quem é.  

"São as pessoas que tornam a cidade incrível, e hoje isso significa nós dois. Jamie e eu, nós somos incríveis."

A mensagem transmitida pelo livro é nítida. Torço para que tenham mais livros que abordem  identidade de gênero e todos os pontos envolvidos.  Precisamos aceitar as pessoas como elas são ou querem ser, não pela aparência, mas pelo coração e sua essência , livre de esteriótipos , convicções pre -existentes . 

 O romance cumpre seu papel, quando defende que o amor pode esta envolvido em qualquer situação, sendo essencial no contexto.A leitura é rápida, direta é simples. Porém, gostaria de ter lido mais sobre a trajetória dos personagens, o caminho que percorreram para chegar ali com um aprofundamento maior e principalmente saber os pensamento da Jaime, que eu amei demais

“- Só queria que você soubesse que não está sozinho. - Ela encosta o nariz no meu ombro. - Caso se sinta grande demais, saiba que é só porque às vezes o mundo é meio pequeno.”

Em suma, o livro foi mais do que eu imaginava ao tratar  de tantos preconceitos e limitações que a sociedade impõe , excluindo o direito à liberdade do outro . Foi um livro que poderia ter sido mais desenvolvido , porém foi uma ótima leitura e que recomendo por toda a mensagem que pode transmitir : aceite você mesmo, já que ninguém pode fazer isso por você .

Nota: ★★★★(4,5/5) 
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Bia, 27 anos, mora em João Pessoa, PB. Fisioterapeuta, instrutora de pilates e amante da literatura. Sempre foi amante de livros desde criança e em 2014 criou o Blog Meu Coração Literário para compartilhar sua paixão. Além de ser viciada em café, series e filmes. Pensa em ser muitas coisas, mas de uma ela tem certeza: leitora assídua nunca deixará de ser.




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