Queria um lugar para ir todas as vezes que eu quisesse sumir. E na real, sempre tive esses lugares. Meu quarto, como um refúgio. Arrumando tudo, tirando e colocando no lugar.
Mas, ultimamente tem sido a beira mar. Caminho um pouco e mesmo sozinha, nao tenho medo , sabe? Precisei resgatar a coragem que estava escondida e viver só para mim. Como eu fiz um tempo atrás e voltei agora.
Vejo o céu azul, quente como nas tardes de sabado e com ventania em alguns domingos. Pego o café que costumávamos pedir juntos, e sigo, sem olhar para trás dessa vez. Tiro as sandalias , deixo a areia me sentir, sento e observo.
Observo gente correndo, casais se abraçando, crianças brincando, idosos com seus cachorros e eu no meio de todos. Como um artista, pinto o quadro a minha frente. O mar calmo, mas o som das ondas sempre me acalmou.
Silenciou meus pensamentos, baixo as vozes das lembranças e sempre me fez se sentir significante mesmo olhando a sua infinitude. O sol vai se pondo e as cores vão vibrando, ora quentes e ora frias. Assim como eu nesse momento.
Fria por fora, vendo tudo , mas queimando por dentro. Queimando sem fazer barulho. Colocando meu coração no mudo, restringindo você quando é impossivel nao te ver ao meu redor e na minha mente.
Fico horas e aprecio a vista, me permitindo sentir o que preciso sentir agora. Dor, nostalgia. Uma lágrima cai e enxugo, de novo, como nos ultimos dias. Me desaguo naquele mar, molho meus pés e me abraço , a mim mesma, como uma forma solitária e real de me consolar.
O vento me abraça também, bate na minha nuca, balança meus cabelos e deixa a brisa dar um beijo, encostar na minha cabeça e me diz: força minha garota, assim como o mar, ele tende a se acalmar. Ora estará bravo, ora calmo. Assim como voce, que é infinita e profunda como uma linda vista.