Estilhaços

 




Algo se quebrou em mim e eu nao serei mais a mesma. Como uma caneca favorita , que por descuido cai no chão. Voce tenta juntar os pedaços, cola com cuidado , mas continua jorrando qualquer liquido que ali coloque. Colada ela nao é a mais a mesma que antes, por mais que pareça inteira.


    É visível para os outros e passível para mim. Tudo observo, mas nada encaro. Escuto, mas só fica sem resposta. As palavras saem calculadas, poupadas. Meu corpo se move na sintonia do dia, na obrigação diária de ser/ agir como, mas no fim, sei que estou tão quebrada quanto um vidro.


Estilhaçada por dentro, frágil e se mantendo firme por fora. As aparências não sao meu forte. Meu olhar denuncia que algo aconteceu, que me invadiu e eu afirmo, assentindo que tudo bem, nao estar bem. 


O vidro que caiu no chão é o mesmo que me cortou algumas vezes . Cortes superficiais, mas dores profundas. Se ajoelhar e juntar os cacos me matou um pouco mais. Algo se foi e eu sei que vai demorar a voltar, e se voltar, bem vai levar algum tempo.


E mesmo tendo cacos de vidro restantes, prefiro caminhar no chão, com os pés descalços, me mantendo em pé, mesmo com os pés machucados. Sentindo até anestesiar e só acostumar.

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Bia, 30 anos, mora em João Pessoa, PB. Fisioterapeuta, instrutora de pilates e amante da literatura. Sempre foi amante de livros desde criança e em 2014 criou o Blog Meu Coração Literário para compartilhar sua paixão. Além de ser viciada em café, series e filmes. Pensa em ser muitas coisas, mas de uma ela tem certeza: leitora assídua nunca deixará de ser.




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